Tumores benignos não são cancerosos, geralmente não invadem tecidos e não se espalham para outras partes do corpo. Tumores benignos da coluna constituem cerca de 1% de todos os tumores primários do esqueleto.

A palavra tumor se refere a crescimento anormal – benigno ou maligno – de tecido que não possui função fisiológica, que surge de proliferação celular geralmente descontrolada e rápida, sendo também chamado de neoplasia.

 

Tumores benignos não são cancerosos, geralmente não invadem tecidos e não se espalham para outras partes do corpo.


Muitos tumores benignos são assintomáticos. Sua descoberta, inclusive,  pode ser incidental (identificados por acaso, ao se realizar exame de imagem por outros motivos).

Sintomas mais comuns de tumor benigno na coluna:

  • Dor local;
  • Sintomas radiculares (dor que irradia para braços ou pernas);
  • Alterações neurológicas (formigamento, alteração sensitiva ou fraqueza muscular);
  • Instabilidade mecânica da coluna;
  • Deformidade da coluna.

A avaliação clínica de tumor benigno da coluna inclui análise do histórico do paciente e exame físico feito pelo médico especialista em coluna. Após isso, solicitam-se exames de imagem, exames laboratoriais e biópsia (quando indicada).

A modalidade de tratamento a ser empregada depende da região de acometimento e do tipo de tumor. Dentre os tipos de tumor benigno da coluna destacam-se osteoma osteóide, osteoblastoma, hemangioma, além de outros.

Osteoma osteóide

São tumores formadores de osso, com tamanho pequeno, com limitado potencial de crescimento. Pacientes podem apresentar dor na coluna, principalmente noturna (dor tipicamente acorda o paciente à noite). Os sintomas, inicialmente, são leves e intermitentes, mas podem se tornar mais severos e constantes com o passar do tempo. O tratamento inicial, geralmente, é medicamentoso, mas na sua falha podem ser utilizadas técnicas minimamente invasivas, como ablação percutânea por radiofrequência e fotocoagulação a laser.  Casos mais avançados podem necessitar de cirurgia de ressecção tumoral.

Imagem de tomografia mostrando osteoma osteóide (seta amarela).


Osteoblastoma

Trata-se de entidade semelhante ao osteoma osteóide, porém de maior tamanho, sendo clinicamente mais agressiva. Os pacientes mais acometidos são homens, na faixa de 20 a 25 anos. Entretanto, a doença pode ocorrer em outras faixas etárias e no sexo feminino. As lesões geralmente são maiores que 2 cm e podem provocar dor na coluna ou sintomas neurológicos devido a compressão nervosa. O tratamento do osteoblastoma geralmente é feito por meio de ressecção (retirada cirúrgica) do tumor.

Cisto Ósseo Aneurismático

São cavidades ósseas preenchidas por sangue, com aspecto lítico (destrutivo) aos exames de imagem. Esse tipo de lesão ocorre mais frequentemente na segunda década de vida, com leve predominância feminina. O sintoma principal é dor progressiva (que piora ao longo do tempo) na região afetada. O tratamento principal também é ressecção local. Entretanto, outras técnicas podem ser associadas, como embolização pré-operatória ou curetagem.

Imagem de ressonância magnética mostrando cisto ósseo aneurismático da coluna.

Osteocondroma

Tipo de tumor benigno que ocorrem mais comumente na região cervical, devido à proliferação osteocartilaginosa de placa de crescimento, sendo sintomas mais comuns dor e inchaço na região acometida. O tratamento cirúrgico (ressecção) é indicado apenas nos casos que causam sintomas ou déficit neurológico.

Hemangioma

São lesões ósseas vasculares intraósseas que podem ter extensão extraóssea, sendo a maior parte assintomática. Dessa forma, o diagnóstico de hemangioma na coluna frequentemente ocorre por acaso, por meio de exames de imagem feitos por outros motivos (por exemplo, dor nas costas). Apenas 1% dos pacientes possuem sintomas, que podem ser dor ou déficit neurológicos. Os raros casos sintomáticos merecem tratamento, que pode consistir em injeção de cimento ósseo vertebral (vertobroplastia ou cifoplastia para tratamento de fraturas), estabilização cirúrgica, injeção intralesional de álcool ou radioterapia.

 

Distribuição de dose de radiação em paciente com hemangioma. Nota-se em azul doses mais baixas e em vermelho doses mais altas

 

Tomografia computadorizada mostrando hemangioma vertebral (seta amarela)

Tumor de Células Gigantes

São lesões ósseas com expansão agressiva, que podem promover sintomas de dor e compressão neurológica (perda de sensibilidade ou movimentos). A maioria dos pacientes possui entre 20 e 50 anos. O principal tratamento é cirúrgico, com a ressecção completa da lesão (com margens amplas e livres de tumor). Caso a ressecção seja incompleta, muitas vezes se faz necessário terapia complementar (adjuvante) como embolização, radioterapia e crioterapia.

Granuloma Eosinofílico

São lesões ósseas provenientes da Histiocitose de Células de Langerhans, acometendo geralmente crianças menores de 10 anos de idade. São sintomas comuns: dorsalgia persistente, deformidades (cifose, escoliose ou torcicolo), sendo raros sintomas neurológicos. A maior parte dos casos melhora espontaneamente. Dessa forma, a maioria dos pacientes é tratada com repouso, analgésicos e anti-inflamatórios. Em alguns casos pode ser necessária cirurgia ou baixas doses de radioterapia. Casos com doença sistêmica ou multifocal podem se beneficiar de quimioterapia.

Vértebra plana, característica de granuloma oesinofílico da coluna.

 

Autor: Dr. Icaro Thiago de Carvalho

Médico Rádio-Oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein

 

 

 

 

Dr. Alberto Gotfryd

Dr. Alberto Gotfryd é médico brasileiro referência em cirurgia de coluna vertebral. No âmbito acadêmico, possui Mestrado (2008), Doutorado (2012) e Pós Doutorado (2016) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É autor de mais de 45 publicações científicas em revistas médicas indexadas, escreveu capítulos de livros e ministrou mais de 130 aulas em congressos científicos no Brasil e no exterior.

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  • Há um ano atrás eu fui diagnosticada com um cisto osseo aneurismatico no quadril direito, os médicos estavam me avaliando de três em três meses. Eu fui liberada das consultas faz 5 meses e uns dias estou sentindo muita dor local, dor insuportável, fiz exames e nos exames conta q está tudo normal, sem crescimento anormal do cisto, os médicos disseram que não poderiam fazer mais nada a não ser me prescrever remedio pra dor... Queria entender o pq de tanta dor se o cisto está normal...

    • Olá Fernanda, sugiro ser reavaliada por ortopedista especialista em oncologia ortopédica e revisar seus exames.

  • Olá, fiz uma tomo de tórax por conta de tosses noturnas e febres aleatórias ( há 8 meses) , acompanho nódulo na mama birads3 ( há 5 anos), e nódulo no pescoço com aspecto reacional a( seis meses).Além de diagnóstico ver fibromialgia ....mudei de reumatologista e ela fez essa solicitação da tomo.Constou hemangioma de 1 cm na t6 e alteração nas vias aéreas ...devo me preocupar?

    • OLá Amanda, entendo que vc deva ser avaliada por um bom clínico geral. Sobre os possíveis hemangiomas, não entendo haver motivo de preocupação.

  • Olá,tenho um quisto7mm na coluna parte dorsal que me dá dor local,mas há ums meses que ando com dor nas pernas,o que pode ser...tenho de repetir RM?obrigada

  • Olá, boa tarde!
    O resultado do meu exame saiu e fiquei apreensiva. Além de outros achou de profusão e abaulamento, apareceu isso:
    Imagem arredondada com sinal alto em T1 e T2 em todas as sequência, localizado no pendiculo esquerdo em L4 de aspecto não totalmente específico, porém podendo corresponder a hemangioma.
    Imagem arredondada com sinal alto em T1 e T2 em todas as sequência, localizada na região central do corpo de L5, de aspecto não totalmente específico, podendo corresponder a hemangioma ou deposito focal de gordura.
    Fiquei apreensiva pois o médico disse que não ficou claro se pode ser lesão maligna, pois não afirma no laudo que é hemangioma. 😔

  • Dr recebi o resultado do meu exame após 16dias de muitas dores e continuo com dores insuportáveis.

    RESSONANCIA MAGNETICA, COLUNA LOMBAR
    RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DAS COLUNAS DORSAL E LOMBAR

    Corpos vertebrais alinhados, com altura preservada.
    Foco de sinal elevado em T1 e T2 no corpo vertebral de D12, por provável
    tecido lipoangiomatoso.
    Pequenas protrusões discais medianas em C7-D1 e D1-D2 que comprimem a
    face ventral do saco dural. Se o senhor puder me ajudar agradeço.

  • Dr. bom dia! Ainda sobre o tema hemangioma. Estou na menopausa, e apresentando processo degenerativo ( rompi ligamento de menisco em decorrência), mas tenho pelo menos 6 meses de dores na parte sacro-lombar esquerda, inclusive muito desconforto noturno. Não tenho casos de câncer ascendente em familiar. Somente tios-avós. Mas tenho apresentado outros nódulos em outros lugares do corpo, segundo médicos também benignos, que venho monitorando.Agora, ressonância sacro/lombar constatou hemangiona. Por favor, o que me sugere? Imensamente grata por Vossa atenção.

    • Boa noite Marcia, hemangiomas da coluna são lesões benignas e inofensivas na grande maioria das vezes.

  • Olá doutor, fiz uma tomografia e constou, pequeno foco osteolitico no corpo vertebral t12 o que significa osteolitico? E tbm constou espondilodiscopatia degenerativa lombar.

    • Significa pequena erosão óssea. É um termo vago, mas eu recomendo investigar possíveis causas com médico especialista em coluna.

  • Boa noite fiz uma ressonância magnética Com contraste da coluna Deu lesão neoplasico
    Isso pode ser grave
    É uma forma de câncer
    Me ajude estou disisperada
    O ano passado fiz tomografia estava
    3,6
    Ontem fiz a ressonância estava 3.0
    Diminui 6 m

    • Ola Aureni, neoplasia não significa obrigatoriamente câncer. Pode ser benigno, sue médico irá lhe informar melhor.

  • Fiz uma TC e apareceu "lesão óssea mista, irregular e de aspecto permeativo em L1, com características agressivas, sem comprometimento, sugerindo aprofundar o diagnóstico". O que pode ser? Nunca tive qualquer doença anterior, a não ser artroses e hérnias.

    • Pelo laudo não dá para saber o que se trata, mas certamente deve haver investigação mais aprofundada, provavelmente incluindo biopsia da lesão,

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