Espondilolistese significa escorregamento para frente de um corpo vertebral na coluna. O problema é mais comum na região lombar (parte inferior da coluna). Pacientes com espondilolistese podem ter dor nas costas, desvios posturais ou sintomas de compressão de nervo, como dor na perna, choque ou formigamento.

Diagnóstico

O exame inicial para diagnóstico de espondilolistese é radiografia (RX). Porém, para estudar em detalhes o problema, se fazem necessários exames adicionais, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.

O que causa espondilolistese?

Os tipos de espondilolistese variam de acordo com a faixa etária e ocorrem por diferentes motivos. Em crianças, são frequentes defeitos ósseos na região da pars interarticularis (região da vértebra que confere estabilidade mecânica), sendo classificada como “espondilolistese ístmica”. Em idosos, por outro lado, é mais comum espondilolistese degenerativa, onde o escorregamento vertebral ocorre devido a afrouxamento articular. Causas menos frequentes são traumas, como acidentes automobilísticos ou quedas de altura.


Casos opostos de escorregamento vertebral. Espondilolistese degenerativa Grau 1 em L4L5 (esquerda) e ístmica L5S1 (direita), com alto grau de escorregamento e fratura do arco posterior (pars interarticularis). Fonte: acervo Dr. Alberto Gotfryd. Publicação autorizada pelos (as) pacientes.

Sintomas

Os sintomas de espondilolistese, geralmente, estão relacionados ao grau de escorregamento vertebral. Os sintomas mais comuns são dor lombar, deformidades (desvios posturais) e compressão nervosa (dor no trajeto do nervo ciático, choque, formigamento e perda de força). Existem classificações para a quantidade e o tipo de escorregamento. Em pacientes que apresentam sintomas, essas classificações auxiliam o médico especialista em coluna no planejamento do tratamento mais apropriado.

Causas de espondilolistese

Espondilolistese lombar pode ocorrer pelos seguintes motivos:

  • Tipo I – displásica: ocasionada por defeito congênito vertebral, geralmente, entre L5 e S1, fazendo com que haja instabilidade mecânica entre essas vértebras. Esse tipo é mais comum em crianças.
  • Tipo II – ístmica ou lítica: causada por “fratura” em região vertebral específica, chamada de pars interarticularis. Essa fratura geralmente é crônica, sendo também conhecida como espondilólise. Esse tipo é mais comum em crianças.
  • Tipo III – degenerativa: ocasionada por afrouxamento articular entre vértebras lombares, principalmente entre L4 e L5. Esse tipo é mais comum em adultos.
  • Tipo IV – traumática: ocorre por fratura aguda decorrente de trauma local. Pode ocorrer em qualquer idade.
  • Tipo V – patológica: ocorre por fragilidade óssea, decorrente de tumor, infecção ou doença osteometabólica. Pode acontecer em qualquer idade.

Além disso, a quantidade de escorregamento pode ser graduada. Para cada 25% de escorregamento adiciona-se um grau na classificação. Na espondilolistese Grau 1 há até 25% de escorregamento vertebral; Grau 2 entre 25 e 50%; Grau 3 entre 50 e 75%; Grau 4 entre 75 e 100% e no Grau 5 há escorregamento completo, maior que 100%, também conhecido como “ptose vertebral”.

Espondilólise e espondilolistese lombar.



Cirurgia de espondilolistese

A minoria dos casos de espondilolistese precisam ser tratados com cirurgia. Entretanto, em algumas situações, cirurgia é método mais efetivo que qualquer tratamento clínico.
Os principais motivos de cirurgia de espondilolistese são: compressão nervosa, dor lombar que não melhora com medidas clínicas e deformidade do tronco. Os objetivos primário da cirurgia de espondilolistese são melhora da dor lombar ou dor neural (compressão de raízes nervosas). Em alguns casos é desejável realinhamento do deslizamento e fusão (artrodese) do segmento acometido. Existem diversas técnicas operatórias para fusão da coluna vertebral, por diferentes vias de acesso: posterior, lateral e anterior. O uso de implantes (parafusos pediculares) é ferramenta segura e eficaz para obtenção de estabilidade da coluna vertebral.

Saiba mais: Artrodese da coluna: principais indicações e técnicas

Espondilolistese L5S1 Grau 3 com lise do arco posterior. Cirurgia com correção do escorregamento e artrodese anterior e posterior. Fonte: acervo do Dr. Alberto Gotfryd. Publicação autorizada pelo (1) paciente.



Vídeo
: Escorregamento de vértebra na coluna

FAQ – Perguntas Frequentes

O que significa espondilolistese?

Espondilolistese significa escorregamento para frente de um corpo vertebral na coluna.

Espondilolistese sempre dói?

Nem sempre. Algumas pessoas com espondilolistese não apresentam sintomas.

Quais sintomas mais comuns?

Os sintomas mais comuns são dor lombar, deformidades (desvios posturais) e compressão nervosa (dor no trajeto do nervo ciático, choque, formigamento e perda de força).

Quais as causas de espondilolistese?

O escorregamento vertebral pode ocorrer por defeitos ósseos (classificados como tipo “ístmico” ou “displásico”), degenerativo, traumático ou patológico (defeito na qualidade do osso, como tumor ou outras doenças que afetam o metabolismo ósseo).

O que é fratura da pars interarticularis ou lise dos ístmos?

Fraturas por estresse ou lise dos istmos são defeitos ósseos na região vertebral denominada pars interarticularis, responsável por estabilizar uma vértebra sobre a outra. Existem várias teorias e fatores para que isso ocorra. Alguns esportes como ginástica olímpica, levantamento de peso, além de predisposição genética são fatores de risco para surgimento de fraturas por estresse na coluna.

O escorregamento vertebral pode piorar ao longo dos anos?

A piora do escorregamento pode acontecer, sobretudo, em crianças na fase de crescimento. Adultos raramente apresentarão progressão do deslizamento vertebral.

Existe tratamento conservador para espondilolistese?

Sim. Na fase aguda pode ser feito imobilização com colete, fisioterapia e medicações analgésicas. Após melhora da dor, exercícios de estabilização são indicados para reforço muscular.

Infiltração funciona em casos de espondilolistese?

Infiltrações têm efeito limitado no tratamento de espondilolistese. Casos selecionados de dor radicular aguda por compressão neural podem se beneficiar desse tipo de procedimento.

Quando está indicada cirurgia de espondilolistese?

Cirurgia para espondilolistese é indicada quando há falha do tratamento conservador, associado a dor crônica, que pode ser lombar ou irradiada para as pernas. Além disso, casos com déficit neurológico (perda de força na perna ou pé também devem ser tratados com correção cirúrgica). Nessas situações, cirurgia é mais eficaz que tratamentos conservadores.

Qual cirurgia de coluna mais comum para espondilolistese?

A cirurgia mais comum para espondilolistese na coluna lombar é artrodese ou fusão vertebral. Esse tipo de cirurgia confere estabilidade à coluna, corrigindo em definitivo a instabilidade mecânica.

Adultos com espondilolistese degenerativa e estenose do canal pode ser tratados sem artrodese?

Sim. Certos casos de estenose de canal lombar acompanhados de pequenos escorregamentos vertebrais podem ser tratados com microdescompressão do canal para alívio dos sintomas neurológicos.

Existe cirurgia minimamente invasiva para espondilolistese?

Sim, existem técnicas minimamente invasiva tanto para descompressão de nervos quanto para artrodese da coluna vertebral que dispensam repouso, sendo possível caminhar e, muitas vezes, receber alta dia seguinte à operação.

Se eu fizer artrodese poderei retornar esportes?

Sim. Você poderá retornar integralmente aos esportes (mesmo em nível competitivo) após artrodese da coluna. Existem diversos atletas profissionais e personalidades públicas que foram submetidos a artrodese na coluna (por diferentes motivos) e que retornaram de forma plena às atividades esportivas.

Veja exemplos abaixo:
Cirurgia de hérnia de disco em atleta profissional de voleibol
Fratura de coluna em atleta de futebol profissional

Dr. Alberto Gotfryd

Dr. Alberto Gotfryd é médico brasileiro referência em cirurgia de coluna vertebral. No âmbito acadêmico, possui Mestrado (2008), Doutorado (2012) e Pós Doutorado (2016) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É autor de mais de 45 publicações científicas em revistas médicas indexadas, escreveu capítulos de livros e ministrou mais de 130 aulas em congressos científicos no Brasil e no exterior.

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    • Carla, depende dos sintomas. Há pessoas com espondilolistese que não apresentam sintomas ou limitações físicas. Nessa situação, não vejo problemas em exercer tal profissão.

  • Fiz cirurgia na coluna L5 faz um mês. E na observação da alta o médico indicou espondilolistese. A dores sumiram nos primeiros no início, mas agora voltaram gradativamente e hoje dói quase que da mesma forma. É normal?

  • Sinto muita dor lombar e descobri que eu tenho esse deslizamento entre a L5 e S1 com grau l, e hérnia de disco entre essas duas vértebras. No meu caso só o tratamento conservador poderia me ajudar a ter uma vida normal?

    • Lacy, sempre gosto de tentar tratamento conservador (não cirúrgico) inicialmente em casos de espondilolistese sem comprometimento neurológico.

  • Bom dia Dr. Alberto!

    Sinto dores na região lombar que, desce para as pernas com dormência e formigamento. A minha marcha sinto alterada as vezes dou trombadas em pessoas ou móveis. Sinto 1 fraqueza nas pernas após esforço da coluna, não consigo movimenta-la quando isso ocorre. Sempre pensei q as dores eram hérnia e q a fraqueza estava ligada ao coração. Como as dores estavem insuportáveis fui ao ortopedista ontem e no raio x mostrou a espondilolistese indo para o grau III -Fiquei assustada porque essas dores tenho desde 2018 após 1 queda e a fraqueza/moleza nas pernas a 1 ano com aumento gradativo da incapacidade de andar quando as tenho. Aguardo avaliação com o cirurgião.
    Do ponto de vista do Sr., é possível livrar-me da cirurgia? Quais cuidados preciso ter até a passagem com o cirurgião? Estou com muito medo.

    Att.
    Márcia

    • Prezada Marcia, no seu caso, o exame neurológico detalhado vai delinear o melhor tratamento.Isso vai ser analisado em detalhes pelo especialista e levando em conta na tomada de decisão.

    • Olá Jucymara, depende do tipo de cirurgia. Em geral, o retorno ao trabalho varia entre 5 dias e 1 mês.

  • Olá, Dr. Alberto!
    Faz uns dois dias que reconheci uma ponta óssea projetada para fora, uns 15 cm acima do cóccix, perto da lombar. É como se fosse uma ponte um pouco deslocada; quando me curvo, essa ponta fica saltada para fora. É dura, fixa e tenho a impressão de sentir uma pressão nesse ponto às vezes. Sou jovem e tenho medo de ser algum problema, porque já não tenho uma coluna tão boa (cifose e instabilidade, talvez tenha piorado por conta da pandemia). Olhando por cima das informações, o que o senhor acha que poderia ser? Não sei se seria espondilolistese...
    Agradeço desde já!

    • Caro Nicolas, possivelmente seja relacionado com aumento da cifose. Isso pode ser elucidado com exame físico e de imagens.

  • Doutor tenho espondilolistese de grau 1e hérnia de disco e um pequeno desvio na coluna o neurocirurgião falou que só resolve com cirurgia ,será que eu não teria outra opção ,mas eu sinto muita dores ,eu realmente estou com medo de fazer essa cirurgia ,na sua opinião quais são as minhas chances,qual o melhor a se fazer

    • Rosivan, na audiência de fraqueza motora, casos de espondilolistese podem ser tratados inicialmente sem cirurgia.

  • Dr tenho espondilolistese grau ll ,tinha cirurgia marcada para novembro, porém tive a covid e não pude operar. Voltando ao consultório o meu médico olhando um rx que fiz lá no consultório disse apareceu uma calcificação no local do escorremento. Será possível? Pois a anos convivo com essa espondilolistese. Obrigada

    • Olá Luciane, não estou certo se entendi sua pergunta. Você quis dizer que as vértebras fundiram?

  • Dr. Alberto! Pelo amor de DEUS eu preciso da sua ajuda para saber o que fazer, pois não aguento tantas dores na lombar e nas costas, onde todo meu corpo dói... Fiz recente uma ressonância e causou esse problema na minha coluna onde quando eu me deito fico travada de não consegui me levantar direito.
    Análise:
    Corpos vertebrais de alturas conservadas.
    Anterolistese grau I de L5 sobre S1 com lise ístmica bilateral.
    Ausência de fraturas ou de lesões ósseas focais com características agressivas.
    Alterações degenerativas Modic tipo I e II (edema e gordura) nos platôs apostos de L5-S1.
    Discopatia degenerativa em L5-S1.
    Nível L5-S1: pseudoabaulamento discal difuso com impressão dural e insinuação biforaminal,
    sem conflitos radiculares.
    Demais discos intervertebrais de altura e hidratação habituais, sem abaulamentos.
    Peço ajuda pelo amor de DEUS 🙌 meu nome é Adália moro no interior da Paraíba. Obrigada Dr.

  • Dr! Fui diagnosticado com Listese na L1, e tenho muitas dores. Além disto, meu quadril (sacro elíaco) é muito travado e uma coisa complica mais a outra. Tenho 30 anos e as dores me atrapalham demais. Alguma sugestão de tratamento, ou rodar novos exames para ver como está hoje em dia?
    Obrigado!

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