Tumores malignos da coluna

Tumores malignos são cancerosos e possuem capacidade de invadir tecidos vizinhos e se espalhar para outras partes do corpo. Tumores malignos primários da coluna possuem incidência de cerca de 2,5 a 8,5 casos por 100.000 pessoas por ano, sendo considerados raros. A palavra tumor se refere a crescimento anormal – benigno ou maligno – de tecido que não possui função normal (fisiológica). Eles surgem de proliferação celular descontrolada e rápida, sendo também chamado de neoplasia.

Neste artigo daremos ênfase ao tratamento local das doenças descritas, sendo o sistêmico (quimioterapia, drogas alvo ou imunoterapia) indicado para pacientes com doença metastática (que se espalhou para outras partes do corpo).

A maioria dos tumores malignos de coluna provoca sintomas, mas também podem ser assintomáticos. Sua descoberta, inclusive, pode ser incidental (identificados por acaso, ao se realizar exames como ressonância magnética por outros motivos).

Sintomas mais comuns de tumor maligno na coluna:

  • Dor local;
  • Sintomas radiculares (dor que irradia para braços ou pernas);
  • Alterações neurológicas (formigamento, alteração sensitiva ou fraqueza muscular);
  • Perda de controle da micção (urina) ou evacuação (fezes);
  • Instabilidade mecânica da coluna e dor nas costas;
  • Deformidade da coluna.

A avaliação clínica de tumor maligno na coluna inclui análise do histórico do paciente e exame físico feito pelo médico especialista em coluna. Após isso, é fundamental realização de exames de imagem, exames laboratoriais e biópsia.

Biopsia da coluna

Imagem de biópsia da coluna vertebral guiada por tomografia computadorizada.

A modalidade de tratamento depende da região de acometimento e do tipo de tumor maligno na coluna.


Dentre os tumores malignos da coluna destacam-se: cordomas, condrossarcomas, osteossarcomas, sarcomas de Ewing, mieloma múltiplo e outros.

Cordomas

São tumores da coluna vertebral considerados raros, provavelmente derivados de estruturas embrionárias da notocorda, sendo mais comum em homens e pacientes com mais de 40 anos de idade. Cerca de 33% dos casos de cordomas ocorrem na coluna, 29% na região sacral e 32% no crânio. Sarcomas do sacro podem gerar sintomas retais, tais como constipação e sangramento nas fezes. O tratamento com intenção curativa consiste na ressecção cirúrgica em bloco do tumor, visando margens livres (sem evidência de tumor). Casos não passíveis de ressecção completa podem receber radioterapia, visando melhor controle local, apesar dessa técnica dificilmente proporcionar cura do paciente.

Condrossarcoma

Trata-se de tumor maligno na coluna constituído por cartilagem, podendo estar presentes calcificações. Constituem cerca de 10% dos tumores ósseos, mas são raros na coluna. Pacientes mais acometidos são homens na faixa de 40 anos. O tratamento curativo também consiste na ressecção cirúrgica em bloco do tumor com margens livres. Casos não passíveis de ressecção, ou cuja ressecção seja incompleta, deve-se associar radioterapia.

Osteossarcoma e outros sarcomas de células fusiformes

O osteossarcoma é o câncer ósseo mais comum e acomete, principalmente, crianças. Entretanto, apenas de 5% dos casos se origina na coluna. Alguns casos são tratados com cirurgia, visando ressecar todo tumor. Outros são submetidos a quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) e depois submetidos à ressecção cirúrgica. Na maioria das vezes está indicada realização de quimioterapia também após a cirurgia e, em alguns casos, adição de radioterapia.

Sarcoma de Ewing e tumores neuroectodérmicos periféricos

Trata-se de tumor de pequenas células redondas, que acomete mais crianças, sendo responsável por cerca de 30% dos tumores ósseos primários nessa faixa etária. O tratamento inicial consiste em quimioterapia, podendo ser necessário cirurgia para ressecção. Após isso, é frequente necessidade de quimioterapia associada a radioterapia.

Mieloma múltiplo e plasmocitoma

O Mieloma Múltiplo é uma das doenças malignas mais prevalentes, levando à destruição óssea e osteoporose difusa. Em 5% dos casos a doença é localizada, denominada, plasmocitoma. Plasmocitoma sem instabilidade da coluna pode ser tratado com radioterapia, havendo cura em até 50% dos pacientes. Porém, parte dos casos apresentará recorrência da doença em outras regiões, sendo necessário tratamento sistêmico quimioterápico. Cirurgia é necessário quando se faz necessário estabilização da coluna.

Autor: Dr. Icaro Thiago de Carvalho

Médico Rádio-Oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein

 

 

14 respostas
  1. Ana Luiza Murakami
    Ana Luiza Murakami says:

    Doutor, bom dia! Muito bom o conteúdo!
    Minha mãe está com câncer metastico (há uma desconfiança que é da mama, mas ainda não foi realizada biopsia) e se espalhou para os ossos (clavícula, fêmur, coluna)… E ela está em tratamento no Hospital de Câncer de Barretos. Estamos pensando se ela está no melhor local de tratamento, ou se procuramos algo no particular. O que o senhor acha?

    Responder
  2. Cicero Ribeiro
    Cicero Ribeiro says:

    Doutor, a 3 meses sinto dores na parte lombar da coluna, fui ao medico neurologista e ele pediu uma tomografia que constatou que tenho hérnia da L2 e na L3, fiz 9 sessões de fisioterapia e estou tomando os medicamentos. mas, até agora, depois de 2 meses de tratamento, não vi resultados significativos. ainda sinto dores na coluna (principalmente quando acordo). tenho a sensação de inchaço nos pés (mas eles não estão inchados), estou com problemas de mobilidade e de sustentação, a perna direita está muito fraca, estou andando com muleta, a dor irradia para a parte frontal das costelas direitas (na parte frontal, mais ou menos na altura do fígado), quando toco na região da costela, sinto dor e sinto que o musculo tem algo parecido a uma bolinha de musculo (que dói). o fato é que, depois que vi esses artigos sobre cancer de coluna, fiquei com muito medo e preocupado: será que é possível o médico ter se confundido ou não visto os detalhes e afirmar que tenho hérnia, mas não ser? ser algo pior? as evidências de um câncer e de uma hérnia são diferentes ou é possível que aconteça esse equívoco? agradeço sua atenção

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  3. ARTUR NUNES
    ARTUR NUNES says:

    Bom dia, Sr. Dr.
    Dor da parte de trás junto a cabeça. No princípio além da dor na cervical, ao baixar.me até mais ou menos ao nível do peito dava-me uma dor forte no crânio ( parecia que alguém estava a apertar, mas a dor era forte que obrigava a levantar rápido)
    Fiz TAC, R, PET, e acusou uma massa ao nivel da Vertebra C2. Fiz BOOPDIA e ao nível do sangue da medula estava tudo bem. Falta o relatório do pedacinho do osso que foi retirado ao fazer a biopsia. Não existem metástases. O que Estará em causa. A minha hematologista diz que vai reunir com os neuroradiologistas a ver qual a melhor solução.
    A minha Dra, diz que estamos perante um plasmocitoma isolado. Não sabem por onde começar..! Por radio, por quimioterapia ou cirurgia.
    Dizem não conhecer este tipo de caso! Algum conselho sr. Dr. ?
    Obrigado. Muita saúde!

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  4. Daniele
    Daniele says:

    Dr Bom.dia!
    Tumor localizado na regiao sacro ilíaca inoperavel,varias sessoes de radio e quimio,pouco eficientes e no controle da doença.
    Pesquisamos sobre a Protonterapia,quadro geral do paciente estavel sem.dor,o sr saberia nos falar sobre a eficacia desse tratamento ou se caso a imuterapia seria uma tentativa? Obrigada no aguardo

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    • Dr. Alberto Gotfryd
      Dr. Alberto Gotfryd says:

      OLá Claudiane, são áreas com osso mais “grosso” nas vértebras. Precisa correlacionar essa informação com outros dados clínicos para valorizar ou não esse achado.

      Responder

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