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Avaliação pré operatória para idosos

Recentemente fui abordado por um colega, que sempre solicita minhas avaliações pré operatórias de seus pacientes: “Camiz, o que o diferencia da avaliação de outros profissionais?“ Ele que sempre tinha o hábito de solicitar avaliação a colegas de outras áreas cedeu a necessidade de uma avaliação que não focasse apenas num órgão e sim no todo e, aparentemente teve excelentes resultados.

Em primeiro lugar, não estou falando mal de nenhum especialista. Pelo contrário, as pessoas com quem trabalhamos atuam em suas áreas de maneira brilhante. Mas o ponto é que para um idoso em especial, alguns enfoques se fazem especialmente importantes e gostaria de aqui ressaltar, para que assim o leitor possa abordar junto ao seu médico e estar mais atento nos cuidados com quem será operado. Destacarei para não me estender muito as parte cognitiva e a parte urinária.

Atenção a parte cognitiva. Sim, os idosos sofrem de muito mais confusão mental que jovens num pós-operatório. Fatores de risco são idade muito avançada, a presença de um diagnóstico de demência e alterações sensoriais: visão, audição e a própria dentição, que pode afetar não só a nutrição, mas a fala e a comunicação de queixas. Sendo assim, atualizar as medicações piscotrópicas e prover óculos, aparelho auditivo e prótese dentária de maneira precoce. Além disso, tornar o ambiente o mais familiar e acolhedor possível ajuda muito. Porta retratos de pessoas conhecidas ou, ainda melhor, as próprias pessoas conhecidas estarem por perto são uma boa ajuda.

No que tange a parte urinária, gostaria de ressaltar um aspecto freqüentemente negligenciado. O risco de retenção urinária no pós-operatório. Sim, é mais usual a lembrança quando há incontinência urinária, mas quando há uma retenção urinária e essa passa desapercebida, pode resultar em problemas permanentes e de longo prazo. Os fatores de risco para isso são: cirurgia prolongada, pacientes acamados e impossibilidade de deambular precocemente, uso de medicamentos opióides para controle de dor e problemas urinários prévios.

Medidas para prevenir ou reduzir problemas podem ser tomadas e vão muito além da prevenção dos, tão temidos problemas circulatórios. Não deixamos de cuidar desses como geriatras, mas uma visão do todo não só não faz mal a ninguém, como traz um benefício enorme. Não deixemos de ver o todo. Cordial abraço a todos!

Dr. Paulo Camiz – Médico Geriatra e Clínico Geral

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