Minha história: fiz cirurgia de escoliose aos 35 anos

Me chamo Eloisa, tenho 49 anos e sou Funcionária Pública. Lembro que aos 13 ou 14 anos de idade estava no sexto ano de balé clássico, meu irmão passou a mão nas minhas costas, fazendo um carinho, e percebeu o desvio. Naquela época, já havia indicação de cirurgia, porém toda minha família foi contra, com exceção da minha mãe, que sozinha não teve coragem de enfrentar, com receio de que alguma coisa pudesse sair errado. Além do medo de mexer na coluna, estávamos em plena década de 80 e também havia a questão da AIDS, doença ainda desconhecida. Isso nos aterrorizava, pois possivelmente seria necessário receber transfusão sanguínea.

Quais tratamentos você realizou? Usou colete?

Não usei colete, pois na ocasião da descoberta o grau já era altíssimo. Fazia natação e abandonei o balé clássico. Futuramente, já na fase adulta fiz um ano de RPG, e cheguei a me apresentar para grupos de fisioterapia em cursos, inclusive fui atendida pelo próprio Philippe Souchard certa ocasião na Sociedade Brasileira de RPG.

Como a escoliose impactou nas suas atividades de adolescente?

As minhas opções de atividade física foram limitadas à natação. Pior, não pude me formar no balé clássico, depois de seis anos praticando, pois na época tive que abandonar, por recomendação médica.

Houve recomendação de cirurgia de coluna na época de adolescência? Se sim, como você e familiares receberam a notícia?

Sim, em 1986 fui me consultar com médico especialista em escoliose que indicou a cirurgia, mas a idéia não foi adiante, por medo.

O que motivou você a realizar cirurgia de escoliose quando adulta? Quantos anos tinha à época da operação.

Isso aconteceu no ano de 2007, eu tinha 35 anos e a motivação foi bem rápida. Conversando com uma amiga, cuja sobrinha havia operado, decidi naquele momento que também a faria. Entre a primeira consulta e a cirurgia passou pouco mais de 1 mês. Decidi em segundos que faria, comuniquei a todos os familiares e amigos, todos me apoiaram imediatamente. Aquilo me deu muita certeza que era a coisa certa a se fazer e aquele era o momento, deu tudo muito certo.

Tinha 35 anos na época (2007) e a motivação foi bem rápida. Conversando com uma amiga, cuja sobrinha havia operado, decidi naquele momento que também a faria. Entre a primeira consulta e a cirurgia passou pouco mais de 1 mês.

Como foi sua recuperação após a cirurgia de escoliose?

O primeiro mês é bem sofrido, as sensações são muito estranhas. Você não sabe sequer andar direito, não tem equilíbrio, não tem fôlego, não tem posição pra dormir, enfim… um mês bem chato. A partir do segundo mês, a cada dia melhora um pouco, e isso vai animando, pois você sabe que amanhã será melhor que hoje.

Radiografias da coluna de antes e após a cirurgia de escoliose

O que mudou na sua vida após a cirurgia?

Já se passaram 14 anos desde a operação, feita em 2007. A melhor coisa foi crescer 5cm e ter que comprar calças novas (rs). Sinceramente, mudou muita coisa, eu passei a usar roupas e acessórios que não usava. Eu “achava” que não tinha problemas de auto estima, pois já estava casada e etc, não sentia dor, então nesse quesito não mudou nada, apesar de ser uma cirurgia visualmente externa, internamente também mudou muitoooo!  Fora que hoje tenho vida normal, com qualquer atividade física, uso qualquer tipo de roupa, acessórios como cintos, que antes não usava, pois não queria chamar atenção para a cintura disforme, enfim… hoje é vida normal!

 

Resumo da minha rotina atual de exercícios na academia.

Qual mensagem você gostaria de passar para os adolescentes e familiares que estão em tratamento de escoliose, seja com colete ou em programação de cirurgia?

Eu digo: faça o que tiver que fazer, não percam tempo, a solução está aí na sua frente, inclusive hoje sou a maior “fiscal de escoliose”: se vejo alguma criança ou adolescente que tem um desvio, sempre pergunto se a pessoa reparou e tal, mesmo que não a conheça, porque meu único arrependimento foi não ter feito na adolescência. Fazer o quanto antes é melhor! E se hoje eu faria tudo de novo??! Sem sombra de dúvidas!!

Faça o que tiver que fazer, não percam tempo, a solução está aí na sua frente.


Mas… gostaria de deixar aqui um agradecimento especial ao Dr. Alberto Gotfryd, pelo profissional e pela pessoa que é, capacitado, dedicado, enfim… minha eterna gratidão!!

Relato de caso redigido pela paciente Eloisa, cuja divulgação foi expressamente autorizada pela mesma.

 

15 respostas
  1. Maria Cândida Alves Pierri
    Maria Cândida Alves Pierri says:

    Tenho 72 anos, estou com o desvio da coluna lombar muito acentuado. Tenho dores muito forte, só posso andar alguns passos sem dor. Estou muito limitada. Falaram na possibilidade de por 18 pinos na coluna. Tenho medo, mas minha qualidade de vida está muito baixa.

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  2. Marcos Marini
    Marcos Marini says:

    Tenho 41 anos e desde minha adolescência foi diagnosticado um desvio na minha coluna, uma hipercifose, também chamada de cifose de Shuman. Apresenta um grau de desvio que se mantém até estável nos últimos 10 anos entre 75 e 80 graus, sem sentir dores. Pratico musculação, tenho vida normal, o que me desagrada é o aspecto da curvatura…Optei pela cirurgia, de colocação de 22 pinos e astes método artrodese, e recebo recomendações de se tratar de uma alternativa que deve ser utilizada em últimos casos, ao extremo da dor, ou de limitações para andar… fico confuso se devo fazer a cirurgia…e gostaria de saber se irei sentir muitas dores para a recuperação, e me deixará sem mobilidade em muitas partes da coluna, obrigado

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    • Dr. Alberto Gotfryd
      Dr. Alberto Gotfryd says:

      Marcos, a opção cirúrgica em caso como o seu envolvem dor e também queixa estética, uma vez que a hipercifose traz prejuízo emocional que deve ser levado em conta na hora da decisão.

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  3. Nhayara
    Nhayara says:

    Meu nome é Nhayara tenho 33 anos e sofro de escoliose curvatura em S bem acentuada está entre 40 a 50 graus, não sei exatamente… Descobri na adolescência. Estou sedentária, sinto dores constantes, tanto na região da gibosidade, quanto lombar que irradia pernas. Vivo de analgésicos e antiinflamatórios durante as crises de dor … Me consultei com um cirurgião ortopedista para avaliar a possibilidade de cirurgia, ele disse que pela curvatura tem indicação porém tem os riscos. Estou com medo. Não sei se devo ou não operar. Ele não deu garantia de nada, foi bem sincero…. Disse que pode ser que resolva como pode ser que não.

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  4. Adriana Diniz
    Adriana Diniz says:

    Olá… Me chamo Adriana, tenho 47 anos e tenho escoliose desde os 7 anos, usei muito aparelho na época, fiz muita fisioterapia, com 14 anos meu médico disse que teria que fazer cirurgia. Fui para o Rio de Janeiro pro HTO, fiz a cirurgia a laser e passei 6 meses de gesso. Nunca tive problemas com dores na coluna, Faço atividade física de todos os jeitos.
    Sou praticante de corrida de rua 5KM, faço funcional, musculação e tentei fazer crossfit, mas desistir, achei pesado demais pra quem tem uma platina nas costas…rssrsr
    Enfim, meu relato é só pra dizer que pra quem tem força de vontade não há limitações.
    Beijos!!!

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  5. Ana Cristina Neves
    Ana Cristina Neves says:

    Olá dr Alberto! Me chamo Ana, tenho 43 anos, escoliose 80 graus. Mas raras ocasiões em que procurei um profissional, fui aconselhada somente a fazer atividade física. A questão estética sempre incomodou muito, porém, vivi sempre em função de outros. Há 5 anos tive um filho, a gravidez e o parto foram bem difíceis, principalmente a parte da anestesia… Comecei recentemente a sentir muita dor no quadril, estou com várias limitações, não consigo brincar direito com o meu pequeno, me sinto um monstro disforme, evito vida social, tenho tido pensamentos depressivos… Talvez agora tenha chegado o meu momento, porém não sei se esse quadro clínico tem indicação cirúrgica. Gostaria de um parecer seu, se possível. Muito obrigada!

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  6. Poliana
    Poliana says:

    Olá dr Alberto! Me chamo poliana, tenho 36 anos, descobri minha escoliose com 17 anos,no tempo usei aparelho,muitas fisioterapia,segundo meu ortopedista minha escoliose não evoluir mas, no tempo estava com 40 graus, sendo que nos dias atuais comecei a sentir dor do lado direito,passei em outro ortopedista ele falou que minha escoliose está evoluindo denovo, e que acredita está em 70 graus hj,caso cirúrgico muito medo, queria ouvi sua opinião, segundo ele pode está compromido meu pulmão,estou muito assustada.

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    • Dr. Alberto Gotfryd
      Dr. Alberto Gotfryd says:

      Casos de 70 graus realmente comprometem em algum grau os pulmões, em particular, curvas torácica. Essa é uma das razões pelas quais cirurgias são indicadas.

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  7. Poliana
    Poliana says:

    Olá… Me chamo poliana, tenho 36 anos e tenho escoliose descobri já com 17 anos, usei muito aparelho na época, fiz muita fisioterapia. Hj com 36 anos começo a sentir do do lado direito no meu lado encurtado, meu adianta não descobrir a causa veio sofre com dores e desconforto, acredito que minha escoliose evoluiu, preciso de ajudar pra sabe o que tá acontecendo.
    Beijos!!!

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  8. Tatiane Pereira
    Tatiane Pereira says:

    Sou operada há 22 anos, técnica Luque-galveston com haste em U e fios de aço. De 68 graus com 18 anos reduziram a 31, hoje com 40 anos estou novamente com 56 graus, lombar destruída, hérnia de disco, etc. Terei que refazer a cirurgia e estou há 1 ano travada com dores. Escoliose com artrodese rotasionando ainda, evoluindo, como pode? Pois é, me perguntou. Exames pós cirúrgicos recentes já mostravam um aumentodo grau, médico que operou nunca citou nas revisões que eu poderia ter problemas futuros devido à técnica não estabilizar completamente o problema além de nunca ter mencionado que existia já desde 2004 técnicas com parafusos onde eu não teria este problema. Estou em avaliação pela equipe médica para saber se retiro tudo, se remendo novas hastes com parafusos ou se resolvo apenas a lombar destruída e espero ter sorte de não ter maiores problemas com a escoliose torácica. Olha…nunca pensei que passaria por tudo novamente, agora com 40 anos, com uma filha de 3 e tendo que passar por um risco muito maior de danos neurológicos. Voltei ao médico que me operou em Curitiba, um dos melhores da época, decepção total, não me acolheu, não assumiu que meu grau evoluiu mesmo com haste e ainda disse que os laudos que levei estavam errados.

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