imagem da coluna

Dor na coluna é sintoma frequente, que pode ocorrer em inúmeras situações clínicas, de gravidade e intensidade variáveis. Em relação à localização anatômica, dores na coluna podem acometer:

  • Cervical: região compreendida abaixo da cabeça, no pescoço. Denomina-se cervicalgia dor na coluna cervical.
  • Dorsal: região intermediária onde estão localizados os arcos costais (costelas). Corresponde ao “meio das costas”. Dorsalgia é termo utilizado para dor na região dorsal.
  • Lombar ou lombossacra: trata-se da parte inferior da coluna, logo acima das nádegas. Denomina-se lombalgia dor na porção lombar da coluna.

Anatomia da Coluna Vertebral

Todas as regiões da coluna (cervical, dorsal e lombossacra) podem doer por motivos variáveis, desde processos inflamatórios simples (popularmente conhecidos como “travada” ou “mal jeito”) que melhoram em poucos dias de tratamento até mesmo serem sinais de alerta para problemas mais sérios da coluna.

O grande desafio é que, na fase aguda, problemas simples e graves da coluna provocam sintomas semelhantes. É muito difícil para o paciente fazer a diferenciação sem ajuda médica. Assim, existem alguns fatores de alerta que irão lhe auxiliar na decisão entre tomar analgésicos em casa ou procurar serviço médico.

Quando devo procurar um médico especialista em coluna

Abaixo estão listados alguns sinais de alerta que merecem investigação médica. Se você apresenta algum desses fatores, então é melhor procurar avaliação especializada.

  • Extremos de idade: crianças e idosos (acima de 65 anos) com dores nas costas;
  • Trauma na coluna: qualquer tipo de trauma com energia suficiente para provocar fratura (queda de altura, atropelamento, trauma no esporte etc.);
  • Dor nas costas associado a febre, perda de peso inexplicada ou queda do estado geral;
  • Dor nas costas com duração maior que 6 semanas;
  • Déficit neurológico (dor, formigamento, choque ou perda de força nos braços ou pernas).

Casos mais simples de dor aguda nas costas sem fatores de alerta após esforços excessivos ou mesmo “mal jeito” podem ser tratados em domicílio com observação, repouso por até 2 dias, analgésicos  e compressas mornas locais. Em algumas situações, são necessários anti-inflamatórios e miorrelaxantes. Em pacientes com dor axial (no eixo da coluna), ou seja, sem irradiação para os membros superiores ou inferiores, não há indicação de uso de corticosteróides.

Causas frequentes de dores nas costas

  • Dor muscular: sim, elas existem e são mais frequentes do que se imagina. Muitas vezes são dores agudas, seguidas de movimento ou esforço excessivo (pegar peso ou curvar-se para baixo) mas também podem acontecer sem qualquer causa aparente. Pode ocorrer contratura muscular que gera deformidade do tronco (escoliose). O paciente se enxerga “torto” no espelho. As dores musculares podem ter forte intensidade e se confundirem com cólica nefrética ou mesmo infarto agudo do miocárdio. Caso haja tais suspeitas, deve-se procurar serviço de pronto-atendimento médico imediatamente. 

 De acordo com tempo de aparecimento, dores nas costas são classificadas em:

  • AGUDA: até 3 semanas de duração;
  • SUB-AGUDA entre 3 semanas e 3 meses de duração;
  • CRÔNICA: mais de 3 meses de duração.

Dentre os problemas de coluna que cursam com dor crônicas nas costas, merecem destaque:

  • Instabilidade mecânica: existem diversas maneiras de definir instabilidade mecânica da coluna. O conceito principal é a inabilidade da coluna manter seu alinhamento habitual sob situações de esforços (movimentos), colocando em risco os elementos neurais ou gerando dor. A principal manifestação radiográfica de instabilidade é a presença de espondilolistese. Existem outros termos técnicos – frequentemente observados em laudos de ressonância magnética – que também têm relação com instabilidade mecânica da coluna, tais como: orientação sagital das facetas articulares, presença de derrame líquido facetário, cistos sinoviais na coluna e hipermobilidade angular entre as vértebras.

Radiografias dinâmicas da coluna mostrando instabilidade mecânica.

  • Dor facetária (artrite e artrose): as vértebras se comunicam entre si por meio de pequenas articulações chamadas articulações facetárias ou articulações zigoapofisárias (sinônimos). Essas, por sua vez podem inflamar agudamente (causando artrite) ou desgastar cronicamente promovendo artrose. Ambas situações podem cursar com dor na coluna, tanto na região cervical quanto lombar, pois essas possuem maior mobilidade e, portanto, são mais sujeitas à degeneração. O termo Síndrome Facetária é usado com certa frequência para denominar dor cervical ou lombar com origem inflamatória das facetas articulares.
  • Discopatia lombar degenerativa: O disco degenerado também pode ser fonte de dor. Existem classificações que visam graduar a degeneração discal, como a de Pfirrmann (2001). Entretanto, parte da população não apresenta correlação entre os sintomas dolorosos e o grau de desgaste dos discos intervertebrais.

Discopatia lombar degenerativa.

Dor ciática

O que é dor ciática e quais as principais causas?

Dor ciática é a que acompanha o trajeto do nervo ciático. Muitas vezes se manifestam por dor, formigamento, choques e até perda de força na perna ou no pé. O nervo ciático se origina de raízes nervosas no final da coluna lombar e trafega pela região glútea posterior, coxa, até chegar na perna e no pé. Nem todas as dores lombares são acompanhadas de dor ciática.

Quais são as principais doenças que comprimem as raízes do nervo ciático? 

As principais causas de compressão do nervo ciático são:

  • Hérnia de disco lombar: trata-se da principal causa de cirurgias de coluna no mundo, embora apenas 10% de todas hérnias de disco precisem ser operadas. O deslocamento do disco intervertebral (protrusão ou extrusão do disco) comprime a raiz nervosa no interior da coluna vertebral, fato que gera dor irradiada no território da raiz nervosa. Hérnias de disco podem ocorrem em qualquer parte da coluna (cervical, dorsal ou lombar) e os sintomas variam de acordo com a sua localização. Nervo ciático: quem é ele?
  • Estenose do canal lombar: diz respeito ao estreitamento do canal vertebral (canal central, recessos laterais ou neuroforamen). A estenose do canal lombar pode ocorrer por causa congênita (indivíduo já nasce com canal estreito) ou adquiridas, relacionadas ao envelhecimento. Importante salientar que estenose de canal somente merece tratamento específico quando está associada a sintomas neurológicos. Os sintomas neurológicos da estenose de canal variam de acordo com a localização da compressão neural. Estenose foraminal ou do recesso lateral (partes anatômicas da coluna) se assemelham aos sintomas da hérnia de disco, enquanto compressão do canal central provoca claudicação neurogênica. A claudicação neurogênica é caracterizada por dor glútea, sensação de peso nas pernas que piora em pé ou andando e tipicamente melhora sentado. Com frequência é relatado fraqueza nas pernas e sensação de formigamento nas plantas dos pés. Indivíduos com estenose do canal central são capazes de andar curtas distâncias, exceto quando inclinados para frente – por exemplo, empurrando carrinho de supermercado ou subindo ladeiras. Nessa posição ocorre suavização da compressão dos nervos no interior do canal vertebral e alívio temporário dos sintomas.
  • Espondilolistese: trata-se do escorregamento de uma vértebra sobre aquela imediatamente abaixo. Existem diversas causas para seu aparecimento. No adulto, a mais comum é a espondilolistese degenerativa, que aparece após a 6ª década de vida, devido ao afrouxamento das pequenas articulações entre as vértebras.  É mais comum entre a 4ª e 5ª lombar (L4L5). Nesse tipo de espondilolistese, raramente há progressão do deslizamento para graus maiores, porém uma parte dos pacientes desenvolverá sintomas de estenose do canal vertebral. As espondilolisteses podem ser classificadas como “estáveis” ou “instáveis”, e essa diferenciação serve como guia para cirurgiões escolherem o tratamento mais adequado para cada caso. Em crianças, outros tipos de espondilolistese podem acontecer, como ístmico ou displásico. Ao contrário dos adultos a preocupação maior com as crianças são deformidades vertebrais progressivas. Saiba mais sobre a espondilolistese.
  • Miscelânea: outras doenças menos frequentes podem comprimir nervos no interior da coluna e provocar dor e sintomas neurológicos. Os principais diagnósticos que devem ser pesquisados e descartados pelo médico são infecções e tumores da coluna. Alguns fatores de risco aumentam suas probabilidades como febre, emagrecimento, antecedente de câncer, desnutrição crônica, uso de drogas injetáveis e dor noturna em repouso.

Outras doenças (não da coluna) que podem produzir dor semelhante à ciática:

Algumas situações externas à coluna são capazes de produzir sintomas semelhantes à dor ciática: 

  • No quadril, a mais prevalente é a Síndrome do Piriforme. Piriforme é um músculo localizado próximo à nádega, que faz parte do conjunto de músculos responsáveis pela rotação do quadril. O nervo ciático, após emergir da coluna, trafega próximo músculo piriforme, antes de seguir trajeto para coxa e perna. Quando há inflação desse músculo (por diversas causas, como hábitos posturais ou compressão mecânica da posição sentada prolongada), o nervo ciático pode ser comprimido e produzir sintomas semelhantes aos da hérnia de disco lombar.
  • Sacroileíte é outra condição inflamatória das articulações sacroilíacas, que conectam o sacro (final da coluna lombar) à bacia. Quando inflamada, as articulações sacroilíacas podem a gerar dor glútea, porém essa raramente irradia abaixo do joelho (ao contrário das hérnias de disco lombares). 

Veja também:

4 respostas
  1. Sérgio Firmino da Silva
    Sérgio Firmino da Silva says:

    Estou com um problema na parte de trás das costas, do lado esquerdo da região da lombar.
    Já passei eu vários médicos públicos, fiz raio x, tomografia e por último paguei consulta no particular doutor consulta.
    Me encaminhou uma ressonância magnética, e todos os laudos vêem dizendo que está tudo normal, em conformidade com os padrões de saúde, porém eu sinto dores 24 horas por dia, e me sinto muito preocupado pois esse problema foi devido uma queda que sofri de moto trabalhando, já se passaram 1 ano e 6 meses e o incomodo não some.
    Lembrando que em todos os médicos que passei e fis os exames, eles me passaram medicação, oral e injetável… será que alguém aí pode me ajudar com orientação, pois estou muito aflito e inconformado, pois já andei muito em busca de ajuda e até hoje não me disseram ao certo qual é o meu problema

    Responder

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